Ode à luta das mulheres de minha geração

Me disseram que era só olhar no Google
Que eu encontraria a poesia perfeita para encaixe
Na fotografia como legenda do dia
E eu, que nem perco tempo
Importa que eu tenha voz
Que ouse me representar a mim
Que forje poesia do fel que é a vida
Quando se é mulher
Quando se é pobre
Quando se é ousada
Quando não curte vanguarda
Mas tampouco se prende em conservadorismo
Querem que você se sente ali.
Feche as pernas.
Agora, vá para lá e não faça barulho
Se doer, se cale, engula
Jogue pra debaixo do tapete de fios da hipocrisia
E não incomode
Acontece que eu forjo a voz
Representatividade na luta
E os desdobramentos de tanto levante?
O corpo somatiza em febre, dores e cansaço
Mas isso foi ontem.
Hoje eu estou de pé
Descalços no chão
Gritarei em meu nome
E das minhas irmãs de suor e sangue
Será vão?
Será que ouvirão?
Incomode,
Sempre!
Se tinha medo de sentir dor devia ter dormido o sono eterno
Mas já que está viva mais que sobrevivendo,
Subverte e forja a poesia das dores
Da luta e do chamamento
Empoderamento não é só neologismo
É sinal de novo tempo.
Quem tem olhos para ver, ler e ser que os faça.
Importa que caminhemos.


Ana Paula Duarte

Comentários

C@uros@ disse…
Eles sempre nos inspiram...
Táxi Pluvioso disse…
Venho desejar um FELIZ NATAL.

Postagens mais visitadas deste blog

A Ascendência da Alvorada

Um breve amor de metrô.

Confusidades...