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Mostrando postagens de julho, 2010

um rosto.

> ...quando dei por mim, todos riam menos eu. Foi tudo muito rápido. Apenas a imagem do teatro me atraia a atenção: os risos, os olhares, os cochichos. Mas, para surpresa minha, vi ao meu lado outra pessoa que também não ria e parecia tão atordoada quanto eu. Um rosto lânguido olhava para um ponto perdido no horizonte como se nada a seu redor tivesse existência ou sentido. Seus olhos transmitiam um ar de serenidade que, por instantes, se assemelhava à tristeza; apenas por instantes, como se esse fosse seu segundo significado. Sacudi a cabeça, como que para espantar esse segundo pensamento e a imagem daquela jovem e tratei de retirar-me dali. A peça havia acabado e pelo pouco que recordo da apresentação, vi que de nada me adiantou a tarde. Voltava agora para minha casa com um pouco mais de pressa, pois o tempo, ora triste, dava mostras de que a noite seria chuvosa. Assim, alarguei os passos e não me detive em nenhum dos locais onde habitualmente converso com um ou outro conh

Finite*

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Para onde foi aquele turbilhão repentino? Toda aquela vontade de querer... Onde se escondeu ou se acabou tudo aquilo? Eu vivi, eu vivi! Onde está, onde está? Eu sofri, eu sofri! Tenho gritado a procurar...Com dores, dores incognoscíveis de quem vive amordaçado. Guardei...sem ter porque...e sem porque permanece. E eu cá comigo sofro. É tudo tão humano, é tudo tão divinal... E a paciência superabunda e me mostra que é hora de seguir só. Guardei... Foi único, Foi triste... Meu olhar perdido pode mensurar as consequências Mas já cansei de procurar... - Onde está, onde está? Em outra deve hoje morar... Me confunde essa rapidez das pessoas em amar e desamar. Ana Paula Duarte, hoje nostálgica...Apenas hoje. Amanhã? E quem se arrisca em falar do amanhã? Que venha, então.! E se a tristeza um dia serviu para alguma coisa, foi para compor versos feitos assim... PS: Texto escrito em 12 de junho de 2010.

ENCERRANDO UM CICLO

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"Sempre é preciso saber quando uma etapa chega ao final. Se insi stirmos em permanecer nela mais do que o tempo necessário, perdemos a alegria e o sentido das outras etapas que precisamos viver. Encerrando ciclos, fechando portas, terminando capítulos - não importa o nome que damos, o que importa é deixar no passado os momentos da vida que já se acabaram. Foi despedido do trabalho? Terminou uma relação? Deixou a casa dos pais? Partiu para viver em outro país? A amizade tão longamente cultivada desapareceu sem explicações? Você pode passar muito tempo se perguntando por que isso aconteceu. Pode dizer para si mesmo que não dará mais um passo enquanto não entender as razões que levaram certas coisas, que eram tão importantes e sólidas em sua vida, serem subitamente transformadas em pó. Mas tal atitude será um desgaste imenso para todos: seus pais, seu marido ou sua esposa, seus amigos, seus filhos, sua irmã, todos estarão encerrando capítulos,

Surpresas

Nesta tarde cheguei um pouco mais cansado do trabalho. Tarde monótona, tempo com aparência triste, dia pouco encantador. Mesmo assim coloquei uma roupa agradável e, como não chovia, fui caminhando ao teatro. No fim do mês de agosto o teatro exibia uma sessão constante de obras clássicas intercaladas por peças de produção mais contemporânea e local. Uma ótima estratégia para valorização da arte local e do não esquecimento das grandes obras. Não sei o que houve comigo neste dia, mas por mais que tentasse não era capaz de lembrar-me qual o nome da peça em cartaz. Tampouco me lembrava do estilo ou da direção. Não me deixei abater por essa falha e encarei o acontecimento como um jogo no qual a emoção da surpresa seria meu prêmio. Entrei, busquei uma das poltronas de onde poderia ter uma visão privilegiada do palco ao passo que desfrutasse, ainda, de um lugar mais confortável, Isso só me foi possível graças à quantidade de pessoas presentes, que não era tão numerosa como habitualmente.

Bons olhos... Ollhos ruins...

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Estava conversando com um velho amigo que conheci numa roça no interior de Anguera, cidadezinha do sertão baiano. Sempre que converso com ele tenho a sensação que naquela hora de conversa aprendi mais que a semana inteira na Universidade. Ele me falava que há dois tipos de pessoas no mundo, as que tinham bons olhos e as que tinham olhos ruins. _Tem gente que sabe vê, tem gente que óia óia e num vê é nada, só vê a feiura das coisa. Num outro sertão, no Grande Sertão Veredas, Riobaldo aprende a ver com Diadorim, seu amigo e amada – as pessoas que amamos tem esse poder, nos fazem enxergar ou nos cegam totalmente. Em uma bela cena descrita por Guimarães Rosa, Riobaldo atravessava um rio com Diadorim quando foi motivado pelo amigo a olhar para a beleza que estava a sua volta, foi um momento mágico, os olhos de Riobaldo se abriram para as coisas essenciais, mas tarde ele disse: “O real não está na saída nem na chegada: ele se dispõe para a gente é no meio da travessia”. Há pessoas que não c

TUDO!

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Sabe aqueles momentos em que se tem tanta coisa coisa na cabeça que não existe como se concentrar numa única coisa? Tantas ideias, inspirações, fatos...Que te dão vontade de em um texto só expressar suas emoções a respeito de tudo? Pois, eis que me sinto assim e já concebi uma ideia: escrever sobre TUDO em um texto apenas. Será que conseguirei? Mas, que pensamento mais maluco! Sem nexo, sem cabimento...Mas, deixe-me tentar! Falarei sobre tudo, exatamente sobre tudo! E acabarei ainda por sentir que falta algo. Existem épocas na nossa vida em que as palavras não conseguem exprimir a realidade, elas não comportam a quantidade de impressões, sentimentos e vontades que nos acometem. Estou nessa fase. Não importa o quanto escreva, o quanto digite, o quanto eu pense ou procure em minhas amigas- confidentes- salvação (as palavras!), jamais conseguirão mensurar ou mesmo descrever de maneira íntegra o que me acontece. E talvez, essa vontade de escrever sobre tudo ilustre um pouco disto. E

Tudo o que eu quero ainda é florescer como um flamboyant*

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Já fazia um tempo que eu não me entregava ao ócio. Que não parava um pouco, que não pensava em nada, só observava a vida...Que não me jogava em esteiras ou bancos para contemplar o céu, as árvores, as pessoas... E eis que estou diante de um flamboyant. Ele está feio, sem vida, suas folhas tão poucas e secas em nenhum momento dão ideia da beleza real daquela árvore no verão. Uma copa vasta, vermelha, florida...De beleza incomparável, cheia de vida! E posso me comparar ao flamboyant, este feio que parece guardar suas forças para reaparecer no verão imponente e florido. Tudo o que sempre quis foi florescer como ele. Aliás, é essa minha metáfora mais louca e mais sábia! Nunca gostei do outono e muito menos do inverno, o frio é sempre desconfortante. E este ano chegou antes da hora e bastante rigoroso. Às vezes, parece que não vai passar e que não vou suportar. Mas é quando uma força, a minha força surge ainda tímida e me dá ótimas razões para seguir e aguardar o verão, que virá ass