Postagens

Mostrando postagens de março, 2011

Pequena crônica sobre o silêncio

Imagem
Um amigo me pediu, bem no meio daquele de surto de dor: - Não grite, não gema, só chore! Cumpri, por mais que teimosa fosse, o mandamento. Então, um belo dia, eu vi, a vida trouxe numa bandeja de prata a cabeça de meu algoz.  Ele gritava e gemia, as dores intrínsecas, todas as mazelas e o lamaçal de feno era fétido horror. Tive pena, mas enfim, cumpre-se a justiça. Muito obrigada sábio amigo, agora passo tal lição: -Silêncio! Não grite, não gema, nem soluce... Apenas chore. Um dia, pediu um prato de comida para matar a fome, recebeu em sua face um escarro.  Hoje, nem escarro naqueles ressecados lábios desidratados. Aquele olhar- enxurrada- altivo de ódio e destempero foi dando lugar a um olhar perdido e desesperado. O que fazer com a cabeça na bandeja? Enterrá-la, ora!  Pois o cheiro de formol já enjoava minhas narinas. Longe de mim ser déspota! E no final, quem estava certo?   Sartre estava certo: ' O inferno é o outro' E nada mais

Postagem de comemoração de aniversário do Blog: Sobre quedas e sua beleza.

Imagem
    Quedas. Quem nunca tomou um tropeção, ou mesmo foi-se ao chão? Se da Terezinha de Jesus, até mesmo o João Ninguém, todos já tiveram seus tropeços, por que cair é tão constrangedor?      E stive observando as pessoas, gosto de fazer isso quando estou em lugares lotados, fico analisando os diferentes comportamentos e achando-os magníficos!  Vi uma menina que ia tropeçar, tonteou, se equilibrou, tonteou novamente, virou o pé, e novamente numa tentativa desesperada de se equilibrar, segurou num objeto, agarrando-se a ele e enfim, se ergueu. Saiu então, toda desconfiada pelo salão, com cara de vergonha. Imagino que a tensão era pelo medo de cair ali, na frente dos outros e ser motivo de risos. Todos iriam rir, com certeza, até eu! E então fiquei pensando, se a queda, é uma de nossas limitações físicas, algo tão previsível, por que nós rimos quando os outros caem ou temos tanto medo de cair?     Sou expert  em quedas! Quem me conhece sabe...Caí na escola, na lama, em casa, na rua...M

E foram felizes para sempre

Imagem
       O clichê mais romântico e redundante das histórias de amor e contos de fadas! 'E foram felizes para sempre...' Nós aceitamos essa linda frase e absorvemos para nossas vidas.     As meninas, desde cedo, buscam então enfeitar suas cenas mentais de amor e paixão e esperar pelo príncipe encantado que irá fazê-las felizes para sempre, e que as levarão em seu cavalo encantado oferecendo segurança, proteção e amor eternamente. Como se houvesse um botão automático que garantisse esse fim. E se preparam, algumas, única e exclusivamente para isso.     Mas, será que já atentamos para o termo "para sempre?" Para todo o sempre é longo...Alguém já viveu para todo o sempre? Alguém tem noção de " para sempre?" Somos tão enfeitiçados e mesmo magnetizados com a fantasia dos contos de fadas que transportamos coisas fantásticas para nossa realidade.           Por que gostamos tanto? Ora, o príncipe encantado não deve ter chulé, ele não tem mau-hálito ao amanhece

Mais elucubrações

Imagem
Não sei se vãs, mas, lá vai... Do Blog:http://umaestrelanamao.blogspot.com/2011/02/os-cegos-do-castelo.html      Hoje tenho entranhado em mente o discurso e mesmo a concepção firme de que "Nada é absoluto". Ora, é uma frase feita bastante usada e bem filosófica, que já me permitiu muitas viagens e perdas em noites insones. Sim, perdas, caíram as minhas verdades absolutas e quase inabaláveis, até mesmo os meus maiores medos.     A cada dia que corre no tempo diminuímos nossos anos, bem como afirma o grande Rubem Alves 'perdemos os anos', o passado é perda e tudo o que nos resta é o momento, afinal. Nesse diminuir de dias, ganhamos e contabilizamos somas de experiências e vivências de coisas inimagináveis, assumimos posturas que antes condenávamos, começamos a lutar por novas causas, a valorizar outras coisas, nos tornamos mais pacientes...Erramos menos? Não, não. Talvez fiquemos mais cautelosos. E como aproveitar o momento e ser cauteloso? Ah, é deveras co