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Mostrando postagens de 2011

Catárse

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Google imagens Um dia, tive uma caixa mágica, onde guardava a minha maior preciosidade. Abri a caixa para que todos pudessem observar minha riqueza, tudo o que eu tinha estava ali. Decidi compartilhar a caixa, e então, entreguei a chave. Mas, como não foi vista sob a mesma óptica, ela não teve o real valor e foi trancafiada numa masmorra. Tentei, entre subidas e descidas, escalar a torre e resgatar a minha caixa. Veio chuva, sol e vento e eu não conseguia subir até o topo. Entre recaídas, teimosias e sofrimentos, decido por fim que não subirei sozinha. Pedirei ajuda, necessito! Que me tragam uma escada é melhor que escalada. Vou subir e buscar minha caixa perdida, já nem faço questão da chave, forço o cadeado, disponho das ferramentas necessárias. O que há dentro dessa caixa? Uma coisinha engenhosa, difícil, lamuriosa e brava, porém cheia de coragem, curiosidades, devoção pelos seus, fidelidade e alegria, espontânea e cheia de vida, a essência minha. Ela vai voltar, ela é

Frenesi

        É sintomático! E cá estou novamente, entre o delírio das emoções e a distância de uma razão que não quero e que não admito seguir.               E como é bom este correr do rio da vida, que nos leva daqui para ali e de lá para cá. E na minha terceira margem do rio, só quero mesmo é experimentar essas besteiras gostosas de bem-querer. E se a correnteza sempre me faz retornar a estas redondezas, é porque aquela incompletude precisa ser preenchida, àquele pertencimento de corpos precisa ser feito. O legal de todo esse jogo de conquista e reconquista é que a vida é mais latente... A gente sente que sempre pode amar e sentir tudo igual e tudo diferente. A gente dá e toma banho na chuva de renovação e esquece mesmo de todo o resto. Eu acredito sempre. Nas margens de mim, eis que me entrego e ao som do desconhecido num crepitar de sentimentos, vou no embalo do querido, pois que tudo o que  importa agora é este sentir tão cheio, este palpitar de coração sangrante, que sempre am

E a vida é só tudo isso...

      Hoje é um daqueles dias em que o corpo está frágil, a mente está tensa e os nervos à flor da pele. Quero chorar e qualquer coisa me fará chegar às lágrimas! Em dias assim prefiro me meter num casulo. É. Sem paciência, não incomodo ninguém com os meus momentos ímpares de melancolia e me fecho no meu mundinho blasé de dias nublados.       Todos temos estes dias, não é? Não sei, só sei que comigo quando acontece, tudo acaba sendo motivo para avaliações e reavaliações...Afinal, se temos tudo, por que então estes momentos tão incômodos? Os mais religiosos dirão que falta Deus, outros, que é tudo ilusão e há os céticos que dirão que não há preenchimento de vazios.       Hoje estive fitando minha avó. Ela tem 85 anos, está velhinha e tem Alzheimer. Chorei muito. É difícil a condição de idoso, e fiquei ali investigando o seu olhar perdido...Em seu silêncio ela me diz tanta coisa! Lembro quando me reclamava tanto na infância, ah, eu sempre fui difícil! E hoje, mesmo ali, sentadinha e

Orgulho de ser nordestina? Redundância!

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                                 Google imagens           Nesta última semana, o polêmico e sempre cheio de irregularidades ENEM, mais uma vez protagonizou e roubou a cena entre as notícias dos maiores telejornais do país. Havendo sérias denúncias de que mais uma vez o gabarito de uma das provas "vazou" e caiu em mãos espertas que logo trataram de lucrar com isso. O fato de um processo seletivo nacional e responsável pela inserção de estudantes na vida acadêmica em várias Universidades do país, principalmente nas Federais não pareceu ser tão importante, foi abafado, relegado em segundo plano e a própria discussão sobre a efetivação e competência desse processo, que toda vez que é aplicado é desacreditado e questionado, não foi feita, portanto, até hoje o ENEM não provou a que veio (e aí assevero uma opinião particular), por acreditar que é mais uma forma de “tapar buracos” na educação, quando na verdade, deveríamos construir um asfalto novo.            A opinião pública

O homem e o cadáver

O homem percorria o deserto com rapidez e intrepidez, ele queria chegar ao mar e muito havia de atravessar até que lá chegasse. Era um caminho difícil, mas como que num oásis em meio ao deserto, companhia encontrou para sua surpreendente jornada. Outro homem no caminho, tão obstinado quanto, também queria chegar até o mar, nunca conhecera o oceano e era um sonho nele se jogar. Mas contratempos no caminho, logo trataram de atrapalhar os amigos. Veio a lepra, e o outro homem, o seu bom amigo, acabou desfalecendo em chagas, foi-se ao chão em mazelas e não aguentou a viagem. O  homem, infeliz, sentiu-se vazio e só. E numa tentativa desesperada, atirou o corpo do amigo ás suas costas e com ele seguiu pelo deserto em direção ao mar. Assim ele não se sentia sozinho, ao menos lhe sobrava àquela matéria morta que logo se reduziria em lembranças. Passava por aldeias, vilas e cidades, atravessou o deserto com o cadáver a se desmanchar, de dias e dias a putrefar, de longe se podia sen

Mais uma sobre árvores...

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Google imagens         O umbuzeiro, ali no meio do sertão de chão rachado e muita poeira, entre folhas verdes-raras. É dele que brota aquele fruto azedo, o umbu, que é tão delicioso e com eles fazemos sucos e até doces que nem de longe lembram um nome científico tão difícil quanto   ' Spondias tuberosa'.          No tupi guarani, essa árvore era conhecida como   "y-mb-u" , que significava "árvore-que-dá-de-beber",  e daí o uso coloquial do termo "imbu" ser utilizado por muita gente no Semiárido brasileiro, mais especificamente o baiano.        Uma árvore em meio ao 'Grandioso', assim se referiu Ariano Suassuna quando foi caracterizar o aterrorizador SERTÃO, este que nos é tão comum, porém que conhecemos tão pouco. Nos é tão normal encontrar o nude umbuzeiro e sua arredondada copa desfolhada durante a seca, parece estar agonizando, rezando pra Deus naquele sol quente a clamar pela chuva. Uma árvore. Só isso...E dele mais o que po

Boniteza

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google imagens As pessoas são bonitas. Em cada uma há luz peculiar. A beleza delas vai muito além do que se vê. Triste dos que procuram a beleza do corpo em detrimento da beleza puramente de alma... Estará perdido num vazio angustiante.  A nossa beleza física é uma incompletude. Ela não nos basta, e muitas vezes nos causa problemas. Triste de quem apenas dela se aproveita. A beleza das coisas está na amplitude, pode ser na energia cósmica em que tudo parece estar ligado, num pensamento qualquer, pode estar na simplicidade de um perfume, em uma cor, um sabor, uma presença...             As pessoas são bonitas, sempre! Acreditemos nisso, pois a humanidade,  raça tão complexa e perfeitamente imperfeita, tem lá seus altos e baixos, mas ainda consegue exalar beleza: o humano. E quando entendermos tudo isso, vamos parar de olhar o superficial, puramente a capa, aquela matéria frágil que nos envolve, e partiremos numa viagem a desbravar gestos, gostos, a admirar sorris

Crônica sobre o quadrado

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      Ele acabara de descobrir que tinha um filho. De supetão inicial, não gostou muito da ideia, mas com o passar dos dias, foi gostando das novidades e do estado de pai, foi achando aquele guri  bonitinho, pequenininho, engraçadinho e dependente, resolveu conhecê-lo melhor. E nada melhor que uma viagem à praia, a casa de veraneio da família para isso.       E foram os dois, sozinhos, encabulados e desconhecidos, porém com o mesmo sangue a correr nas veias. O menino queria ver o mar, o pai cansado da viagem titubeou, estava com mau humor, indisposto. Mas o menino com um sorriso conseguiu levantar seu ânimo. E foram os dois. O pai logo pediu uma bebida e o menino correu para a areia, lá se sentou por alguns minutos, olhando o céu, sentindo a brisa do mar, deixando que o seu corpo aproveitasse tudo. Depois se levantou e foi em direção da água. O pai, de longe veio transtornado a gritar e chamar pelo nome do filho. O menino parou e virou-se para o pai, que gritava:     - Pare, pare

Incongruência

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Num encontro generoso Duas almas se fundiram ... Mas, num desesperado defender de egos Separaram o enlace doloroso E os caminhos não mais se bifurcam E a tal incongruência, bendita ou não Dissipou a união. Era justo ou injusto? Tantas são as interrogações! Mas de certo há paz no caminho, Ainda que se caminhe sozinho  É  o caminho escolhido.  Há dor, mas há paz Há saudade, mas há liberdade. Discrepâncias a parte,  Sempre há que se ter respeito. E se for pra culpar alguém, Foi ela- a incongruência. Esqueceram de perguntar até onde iriam um pelo outro. Acabaram em lados opostos, Corrigindo o acidente. Acidente? Maldita incongruência! Ana Paula Duarte. Revelação- Engenheiros do Hawaí

Cotidiano

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Maria divagava naquela tarde. Perguntou: - Mas como pode a vida ser assim, tão dura comigo? Apesar dos meus tombos, reconheço-os e sigo em frente. Não sou orgulhosa, nem rancorosa, honro a pai e mãe, faço minhas orações, não causo danos a ninguém. Então, por que tanta coisa ruim acontecendo de uma vez? Por que meus algozes insistem em me fazer mal e nada lhes acontece? Deus! Como divagava, não obteve respostas para as suas perguntas. Se as encontrasse, teria que compartilhá-las com um mundaréu. Todos temos problemas, a diferença está em como reagiremos diante deles. Prossigamos a aprender e a viver, não há como deles correr. Ana Paula Duarte

Poesia Maldita

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EM LETRAS GARRAFAIS LÁ SE ENCONTRA O LAMENTO TANTO EM NOITES QUANTO EM DIAS INFELIZ TORMENTO SE É DECRETO DOS CÉUS OU PIRRAÇA DO INFERNO ENCONTRAMOS GAIOLAS CONSTRUÍMOS GAIOLAS MORAMOS EM GAIOLAS E NELAS PADECEMOS APRISIONADOS NUM QUERER SERVIL UMA OBEDIÊNCIA SANTA OU UM DESCOMUNAL A VERDADE É QUE TODA DOR AQUI TERMINA EM PALAVRAS TODA DOR NOS CAPACITA E EM CADA UMA DELAS HÁ POESIA MALDITA. Imagem:  Weeping Nude, de  EDVARD MUNCH Ana Paula Duarte- desengaiolando.

Mosaicos

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Você é uma pessoa única, não há ninguém em todo o universo como você. Essa singularidade e nossa incrível diversidade nos fazem humanos. Deus nos fez assim. A diversidade humana nos torna belos, torna o mundo colorido, repleto de sabores, cores, sons e sentidos vários. A beleza da diversidade nos tornou seres encantados e teimamos em ser muitos, cada um de nós somos vários: Somos Caeiros, Ricardos, Anas, Messias, Capitus. Somos muitos, apenas um; Mosaicos. Cada um desses que existem dentro de nós mesmos tem sua força, e juntos somos fortes. Somos fortes quando essa multiplicidade e diversidade, que se chama Eu, encontra-se com outra pessoa e lhe dá as mãos. Um grande poder vem ao encontro de tudo isso, poder que não deseja a diversidade, mas a igualdade, a padronização. Para utilizar as pessoas, para ter poder sobre elas, elas precisam ser iguais, massa humana. Nietzsche chama essa massa de Rebanho, Foucault chamou de Sociedade Disciplinar, a Igreja chama de fiéis, a escola de alunos,

Conheçam um pouco do Projeto Baú de Leitura

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      Muito se discorre, se publica e se discute sobre os vários conceitos acerca da leitura. Dentre os vários, o que se prega e mesmo o que se utiliza na prática nas salas de aula é um conceito tradicionalista, obrigativo e decodificador, onde a leitura aparece com funções objetivas e utilitárias apenas no sentido de ler letras, números e palavras.          A leitura em si, mesmo em sua etimologia não se apresenta nesta limitação, ela vai além da leitura da palavra, precedendo-a, como afirmava Paulo Freire. A leitura da palavra vem depois, antes, quando ainda bebês, nós conseguimos ler os ambientes, cores, curvas e desenhos - é a leitura de mundo, que nos é nata e que vai se ampliando quando vamos crescendo e interagindo com as coisas e pessoas ao nosso redor.       Numa perspectiva diferente, lúdica, de leitura prazerosa e contextualizada surge o Projeto Baú de Leitura, nascido em uma das Jornadas Ampliadas do PETI (Programa de Erradicação do Trabalho Infantil), ainda denominado de

Vanitas vanitatum, et omnia vanitas¹

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                                 Do blog: http://cristaiscelestes-novaera.webnode.com/products/vaidade-/ Que há de encher teus olhos a lua no céu a brilhar ou o ouro do relógio de braço? Que mais queres o amor de alguém valoroso ou a orgia da pertença de um corpo? Que mais vale em tua balança a felicidade ou a busca infinita dela em teu sempre reclamar ou ainda, a infelicidade crônica? Olha a teu redor e valoriza o que tens antes que te levem pois se algo aprendi dessa passagem é que tudo muda sempre até mesmo o conforto e a plenitude só com a morte se alcança. ¹"Vaidade das vaidades, e tudo (é) vaidade". Até onde a vaidade humana pode chegar? E no fim, é só vaidade mesmo... Ana Paula Duarte.

E foi-se toda a leveza

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A poesia em mim findou-se Num silêncio triste de sepulcro. Na praticidade dos dias, encontrei máscaras belas, Risos solícitos, porém olhares distantes Não são meus e nunca serão. E este estar de alma triste É que não aceito Em mim não há lugar, nem relance Aquele enlace... Toda a perfeição! Estável E ela, que alada me fazia voar e gemer da dor do amor, Desaparece entre razões e um dinamismo ator, Uma maturidade terrível e insana De quem se entrega ao sistema e dança sua música. Queria o êxtase de mim, Aquelas palavras que eu espremia lá das entranhas Minha catárse... Eu,  Que não me acho há tempos... Que já não sou. E sobram palavras doloridas, Fortes, estampadas, coloridas- Mas nem refletem alma... Apenas, ajuntamento de letras Deixei a poesia, Fui a vida sem alegria. O que esperar dela agora?      Do blog:  http://lenottidicabiria.blogspot.com/2011/03/insustentavel-leveza-do-ser.html Ana  Paula Duarte

Um pouco mais de língua

'Gosto de ver minha língua roçar... A língua de Luís de Camões.' (Caetano Veloso).     Faz mais de 500 anos que os portugueses atravessaram o Atlântico para aqui em terras americanas se instalar. Dizimando uma cultura, impuseram uma religião monoteísta, estabeleceram uma única língua para todos, enquanto os ameríndios que aqui habitavam, possuíam várias línguas e dialetos e tudo isso foi ignorado, coisa comum de colonizador.     Trouxeram os africanos como escravos , que para os europeus e sua visão eurocêntrica de mundo, serviam apenas para o trabalho braçal,e que em força e vigor físico os negros e negras eram bons e mui resistentes. Com eles não foi diferente: também tiveram língua, costumes, corpo, se possível até a alma, aprisionados. Eram tantos/as negros/as, eram tantas influências, que um conselheiro do governo achou por bem trazer os italianos para "embranquecer" e "purificar" o território tropical português, já que era grande a