Boniteza

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As pessoas são bonitas. Em cada uma há luz peculiar. A beleza delas vai muito além do que se vê. Triste dos que procuram a beleza do corpo em detrimento da beleza puramente de alma... Estará perdido num vazio angustiante.

 A nossa beleza física é uma incompletude. Ela não nos basta, e muitas vezes nos causa problemas. Triste de quem apenas dela se aproveita. A beleza das coisas está na amplitude, pode ser na energia cósmica em que tudo parece estar ligado, num pensamento qualquer, pode estar na simplicidade de um perfume, em uma cor, um sabor, uma presença...            

As pessoas são bonitas, sempre! Acreditemos nisso, pois a humanidade,  raça tão complexa e perfeitamente imperfeita, tem lá seus altos e baixos, mas ainda consegue exalar beleza: o humano. E quando entendermos tudo isso, vamos parar de olhar o superficial, puramente a capa, aquela matéria frágil que nos envolve, e partiremos numa viagem a desbravar gestos, gostos, a admirar sorrisos, frases e jeitos. Acreditando nisso, seremos mais completos.             

Os poetas cantaram  e eternizaram as diversas belezas de suas épocas, enamoraram-se delas, o belo nos atrai e encanta. que nos deixemos, pois, encantar pelas gentes mais do que pelas coisas, que a beleza da Natureza da Terra seja vista como nossa maior riqueza, a beleza-mãe de nós todos, que nem o plástico e nem o ouro acabem por ofuscar a beleza da carne criada por Deus, que criou em todos nós mal e bem e em sua sábia beleza, nos diferenciou e humanizou.            

Não atribuiremos beleza ao que nos salta os olhos, a ostentação bestial, ao que se vende e vende os demais, àquela que valoriza apenas o trivial. Beleza física, beleza financeira, beleza profissional e tantas outras belezas não são triviais. Porque em nossa humanidade queremos sempre mais, ir além... E ainda que nos escondamos em máscaras massificadas, há uma falta de não sei quê, há o vazio do indecifrável, que nos impulsiona para a vida a buscar o "sempre mais".             

O problema está no valor que temos dado à coisas e pessoas, e na observação de que as belezas aqui citadas, quando alcançadas não saciam a alma, o que tem nos faltado é sensibilidade e mais constância nas coisas. O que tem nos faltado é uma ousadia de ser e de assumir nossas belezas, o nosso 'sui generis', aquela beleza que talvez fuja do padrão, que não seja tão agradável aos olhos, mas que encha o coração, que talvez nem todo mundo goste e aceite. As pessoas são bonitas, todas elas, só o conceito de beleza é que com o tempo foi ficando feio e limitado.

Rogo-te, Senhor, que nos dei olhos encantados para enxergar beleza naquilo que não é o óbvio, onde ela verdadeiramente se encontra. Amém.

Ana Paula Duarte.