Conheçam um pouco do Projeto Baú de Leitura
Muito se discorre, se publica e se discute sobre os vários conceitos acerca da leitura. Dentre os vários, o que se prega e mesmo o que se utiliza na prática nas salas de aula é um conceito tradicionalista, obrigativo e decodificador, onde a leitura aparece com funções objetivas e utilitárias apenas no sentido de ler letras, números e palavras.
A leitura em si, mesmo em sua etimologia não se apresenta nesta limitação, ela vai além da leitura da palavra, precedendo-a, como afirmava Paulo Freire. A leitura da palavra vem depois, antes, quando ainda bebês, nós conseguimos ler os ambientes, cores, curvas e desenhos - é a leitura de mundo, que nos é nata e que vai se ampliando quando vamos crescendo e interagindo com as coisas e pessoas ao nosso redor.
A leitura em si, mesmo em sua etimologia não se apresenta nesta limitação, ela vai além da leitura da palavra, precedendo-a, como afirmava Paulo Freire. A leitura da palavra vem depois, antes, quando ainda bebês, nós conseguimos ler os ambientes, cores, curvas e desenhos - é a leitura de mundo, que nos é nata e que vai se ampliando quando vamos crescendo e interagindo com as coisas e pessoas ao nosso redor.
Numa perspectiva diferente, lúdica, de leitura prazerosa e contextualizada surge o Projeto Baú de Leitura, nascido em uma das Jornadas Ampliadas do PETI (Programa de Erradicação do Trabalho Infantil), ainda denominado de Mala de Leitura, nesse projeto os livros eram cheios de magia e ludicidade, pureza e sonhos que só a literatura é capaz de proporcionar. Mas o que diferenciou o PBL foi a metodologia que o Baú apresenta, seguindo a linha Freiriana, busca a interação leitora entre professores/as e alunos/as, chamados de educadores/as- leitores/as e alunos/as-leitores/as. A metodologia do PBL, criado pelo MOC (Movimento de Organização Comunitária), segue três passos importantes:
1- Sensibilização dos Coordenadores/as Municipais do PBL (profissionais encarregados de multiplicar e gerenciar o projeto junto aos/as professores/as do Município) e Sensibilização dos Professores/as, que trabalharão diretamente com o Baú de Leitura na sala de aula;
2- Aprofundamento da Metodologia- Onde a metodologia é reavaliada e aprofundada para maior compreensão dos/as professores/as e para melhor funcionamento do projeto bem como bons resultados.
3- Avaliação da Prática- Onde são avaliados os impactos do projeto na realidade da sala de aula, as dificuldades e a troca de experiências com outros municípios.
E é com estes três passos que o Projeto criado em 1999 vem sendo ampliado nos diversos municípios do semiárido baiano, conseguindo inclusive o apoio da Secretaria de Educação do Estado da Bahia, que expandiu o PBL este ano para quarenta municípios, sendo que o projeto já abrangia cinquenta e um municípios baianos no ano passado, lembrando que, como se trata de semiárido, o projejo busca resgate da identidade local dos/as alunos/as, como também mantém uma estreita e vital relação com a Educação do Campo.
Os livros do Baú são de ótima qualidade, são escolhidos a dedo pela Equipe de Educação do MOC e separados pelos chamados Motes- que são temas a serem trabalhados- eles se dividem em três: 1-identidade 2- meio ambiente e tecnologia e 3- cidadania, família e sociedade. Possuem ilustrações belíssimas e são contextualizados, com temas do Brasil, do semiárido, e resgate da cultura africana. São livros que realmente tem a ver com as crianças, que mexem com o seu imaginário e que despertam para a leitura verdadeira. Deixando claro que sendo livros nacionais, fogem um pouco da ficção dos contos de fadas, são mais reais, o que de alguma forma, tem funcionado como elemento diferencial porque as crianças se vêem nas histórias, sentem familiaridade.
O resultado é que os/as alunos/as de fato tomam gosto pelos livros, pelo Baú em si e começam, a partir das leituras, a desenvolver maior consciência crítica sobre sua realidade local e depois de mundo, sua valorização como indivíduo e seu real papel na sociedade, bem como o respeito a natureza. É é este o papel da leitura, alfabetizar para a vida e não uma semi-alfabetização para a escola, espaço que não é integral, a leitura tem poder de mudança, não só de pensamento, como de realidade de vida.
Dentro dos doze anos do PBL, muitos bons frutos já foram colhidos, homens e mulheres hoje, são multiplicadores em seus municípios, monitores, radialistas, educadores sociais, todos engajados com as causas sociais e educacionais. É uma experiência tão maravilhosa o contato com o Baú que muda a vida até mesmo daqueles que sempre tiveram contato com o livro, por ser inovador, sensibilizar as pessoas para o que é a verdadeira leitura que as escolas devem entusiasmar.
Abaixo, segue o vídeo do Baú de Leitura, feito pela Caixa Econômica Federal como premiação.
Ana Paula Duarte, encontrei um baú e me joguei nele. 'Vivo e mágico, com as coisas boas que tem lá...♫' ;)
Comentários
Pelo que li no teu interessante post, pareceu-me uma excelente iniciativa.
Beijos.