Pequena crônica sobre o silêncio
Um amigo me pediu, bem no meio daquele de surto de dor: - Não grite, não gema, só chore! Cumpri, por mais que teimosa fosse, o mandamento. Então, um belo dia, eu vi, a vida trouxe numa bandeja de prata a cabeça de meu algoz. Ele gritava e gemia, as dores intrínsecas, todas as mazelas e o lamaçal de feno era fétido horror. Tive pena, mas enfim, cumpre-se a justiça. Muito obrigada sábio amigo, agora passo tal lição: -Silêncio! Não grite, não gema, nem soluce... Apenas chore. Um dia, pediu um prato de comida para matar a fome, recebeu em sua face um escarro. Hoje, nem escarro naqueles ressecados lábios desidratados. Aquele olhar- enxurrada- altivo de ódio e destempero foi dando lugar a um olhar perdido e desesperado. O que fazer com a cabeça na bandeja? Enterrá-la, ora! Pois o cheiro de formol já enjoava minhas narinas. Longe de mim ser déspota! E no final, quem estava certo? Sartre estava certo: ' O inferno é o o...