Ao Portão- Margot e suas peripécias*
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Barulho. Aquele ranger de ferro- velho- enferrujado. Um jardim que poderia ser lindo, mas estava seco, sem poda, sem cuidado. Uma estátua no centro. Três dragões com bocarras abertas, um esfacelava um corvo. Medo, pânico, adrenalina, aventura!
A casa desabitada por humanos, cheia de fantasmas e obscuridades. Eram estes os vizinhos de Margot. E quem mais, senão ela para atarantar as ideias da turma e inventar uma expedição à mansão Horrisson, a maior casa do bairro, tão linda, porém abandonada. E Margot foi a primeira a meter os pés e se enfiar pelo jardim, tinham que correr logo, antes que alguém da vizinhança os visse e fosse contar aos pais, que viriam correndo puxar os filhos traquinos pelas orelhas. Eram quatro. Um de óculos, cuja míopia era gravíssima, o que mais tremia das pernas. O que levava nas mãos a lanterna e um canivete, era valente e alto, e o franzino apaixonado, seguia Margot. E ela, a mais bandeirante de todos, já viajava há anos luz dali, em seu mundo de ideias lobateanas, e agora imaginava-se morando ali, naquela mansão..."Coitada, tão grande, tão linda e abandonada, como pode ser assim?" pensou, com pena da casa. "Se o dono quisesse, eu ficava aqui tomando conta e limpando tudo."
Destemida e autoritária ia a frente do "bando", como se estivesse num dos filmes de Indiana Jones, que ela conhecia porque o pai era fissurado neles. E quanto mais adentrava, como que hasteasse uma bandeira em sinal de vitória. Margot se fascinava com a beleza do casarão. "Aqui vai ser o meu lugar secreto", pensou.
Todos nós temos um, Margot tinha seu mundo, mas ela era tão, mas tão cheia de imaginação, de invenções e abarrotada de coisas na mente, que queria vastidão e amplitude em seu mundo, queria mais que um só, queria vários mundos e dimensões paralelas, afinal, "Sou criança e posso tudo", dizia convicta. Ia adentrando e foi sentindo medo, os outros meninos correram e já a esperavam na rua, e ela, foi vendo tudo ficar sombrio, escuro, teve medo.
A única coisa que a menina temia e que era capaz de meter-lhe medo era crescer. E Margot agora via aquele castelo com uma seriedade adulta, uma ameaça a sua infância desbravadora. Como num sobressalto, correu novamente para o portão, como que corresse em competição e lá chegou esbaforida. Que bom que dispunha de tempo para voltar ao portão, ao começo de toda a aventura. Pensou que seria ousada e arrogante demais se não voltasse atrás. Margot era sábia.Os amiguinhos a perguntaram o que a sempre tão corajosa havia visto para voltar correndo daquele jeito. E ela, bem séria disse "Este não é um lugar para crianças, vamos embora, vamos para o meu quintal, é mais divertido."
Mais tarde, todos souberam que a filha dos Horisson morrera ali e estava enterrada no jardim. Margot indagou que " Então era isso? Podemos ir averiguar se é verdade, vai que tem mais crianças enterradas ali..." E prometeu que um dia voltaria, com roupa e material especial para a operação "Indiana Margot e os companheiros".
Ana Paula Duarte. Lembrei-me de um fato engraçado de minha infãncia cristã.
Comentários
Achei Margot engraçadinha e muito parecida contigo.
O blog é muito interessante, bem escrito e muito bem organizado, seus leitores são assíduos, parabéns e sucesso sempre!
adoro estar aqui
vou sentir saudades..
volto em breve
beijos!!
Na infância tive aventuras bem parecidas! Fico a me perguntar aonde foi parar a Margot de todos nós?
Um abraço!
Mas esta época de imaginação é tão boa.
Fique com Deus, menina Ana Paula Duarte.
Um abraço.
beijos
A escolha do nome Margot foi proposital, o nome de uma adulto fru fru numa menina espoleta e longe das convenções...Quanto ao texto, bem Margot acabou virando série, então, sempre estará aqui pelo anaconfabulando. Abraço e obrigada por seguir! xD